quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Caso "Calabote" Parte I

Mitos Verdades e Mentiras

O que realmente aconteceu no jogo com a CUF.

Nesse ano o Benfica não ganhou o campeonato. Logo o Calabote não é responsável por nenhum campeonato do Benfica.  Depois o Sr. Calabote  não deu mais de três a quatro minutos de descontos, plenamente justificados pelas constantes perdas de tempo dos jogadores adversários. Basta reler os jornais da época…

A  grande questão, que dá origem a todos os exageros que hoje se propalam, residiu no facto do jogo ter começado seis minutos mais tarde que as tradicionais 15 horas, então o horário de início de todos os jogos.

A equipa do enfica demorou a entrada em campo (conforme se pode confirmar nos registos da FPF) o mais que pode, de forma a poder vir a beneficiar do conhecimento do resultado em Torres Vedras, facto que levou a que o clube fosse então (justamente) multado.

Esses seis minutos juntos com os três a quatro minutos que o árbitro prolongou o jogo para compensar perdas de tempo, levou a que o jogo da Luz tivesse terminado apenas mais de dez minutos depois do de Torres Vedras, tempo durante o qual a equipa do FC Porto esperou em pleno campo, para depois festejar a conquista do título. E foi essa longa espera, superior a dez minutos, que deu origem à lenda-Calabote, que tão aproveitada (e distorcida) tem sido ao longo dos tempos.

 O Benfica não foi em nada beneficiado com essa arbitragem. E o árbitro até teria tido todas as possibilidades de «dar» o título ao Benfica, já que o nosso clube marcou o seu último golo aos 38 minutos da segunda parte e, quando o jogo de Torres Vedras terminou, o Benfica ainda teve cerca de dez minutos (seis regulamentares e mais três a quatro de “descontos”) para marcar aquele que lhe daria o título.

De referir que, também para Torreense e CUF este jogo era decisivo. Jogavam ambas a manutenção, e muito se falou na altura de prémios especiais e incentivos secretos (em ambas as equipas). No final, o Torreense desceu mesmo, e a CUF acabou por ter que disputar o então chamado Torneio de Competência, com os melhores classificados da II Divisão

Voltando ao jogo, ao intervalo, o Benfica já estava em vantagem: ganhava por 5-0 à CUF, enquanto o FC Porto vencia em Torres Vedras por 1-0. Entretanto, na Luz o resultado foi fixado em 7-1 quando havia sete minutos para jogar, mas em Torres Vedras, a dois minutos do fim, o FC Porto fazia 2-0 e, a vinte segundos do final, Teixeira marcou o terceiro e decisivo golo. O Benfica jogou ainda dez minutos, mas não conseguiu o golo que lhe faltava.

Casos houve muitos, mas nos dois jogos. Comecemos pelo encontro do Porto. Se no primeiro golo, marcado em superioridade numérica, porque um jogador do Torreense era assistido fora de campo por "lesão", não há "nada" a apontar, a verdade é que a arbitragem de Francisco Guiomar foi bastante contestada. Aos 20 minutos da segunda parte Manuel Carlos era expulso e deixava a equipa de Torres Vedras reduzida a 10 elementos. Aos 89 minutos, a seguir ao 2-0, novo jogador era expulso (por pontapear a bola para longe depois do golo), aparecendo em seguida o 3-0, quando jogavam 11 contra 9.


Vejamos o que então se escreveu sobre o tempo de desconto, não sem que, antes, se recorde que, na altura, a missão dos árbitros era bem mais difícil, pois não havia cartões amarelos, o guarda-redes podia passear com a bola na grande área, batendo-a no chão as vezes que entendesse e a demora nos lançamentos da linha lateral não era castigada com lançamento a favor da equipa adversária.


Alfredo Farinha, em “A Bola”, foi bem claro: «O recurso sistemático aos pontapés para fora do rectângulo, a demora ostensiva na marcação dos livres e lançamentos de bola lateral, as simulações de lesionamentos, o uso e abuso, enfim, de todos esses vulgarizados meios de “queimar tempo” (…) dificilmente encontram, no caso de ontem, outra justificação se não esta: a Cuf não jogou, exclusivamente, para si mas também para uma outra equipa (a do FC Porto) que estava à margem da luta travada na Luz.» Mais adiante, na apreciação ao trabalho do árbitro, acrescenta Alfredo Farinha: «No que se refere ao prolongamento de quatro minutos, cremos ter deixado, ao longo da crónica, justificação bastante para o critério do sr. Inocêncio Calabote.»


No “Mundo Desportivo”, Guilhermino Rodrigues não comungava da mesma opinião, mas até considerou menor o tempo de desconto e acabou por o justificar: «Exagerado o período de três minutos que concedeu além do tempo regulamentar para contrabalançar os momentos gastos em propositada demora pelos cufistas.»


No “Record”, em crónica não assinada (um antigo hábito do jornal), uma outra opinião: «Deu quatro minutos (…) pela demora propositada dos jogadores da Cuf – alguns deles foram advertidos – na reposição da bola em jogo. Não compreendemos porque não usou do mesmo critério no final do primeiro tempo, dado que aquelas demoras se começaram a registar desde início.» Esclarecedor… Dois “penalties” indiscutíveis Um só duvidoso.

 Os jornais foram unânimes em considerar indiscutíveis o primeiro e o terceiro e apenas o segundo deixou dúvidas.

A Bola”: «Quanto aos “penalties”, não temos dúvida de que o primeiro e o terceiro existiram de facto; dúvidas temos, porém, quanto ao segundo, pois Cavém, ao que se nos afigurou, não foi derrubado por um adversário, antes foi ele próprio que se descontrolou e desequilibrou.»

Record”: «Regular comportamento no julgamento das faltas. Só não concordamos com a segunda grande penalidade. A falta existiu, na verdade, mas só por ter sido executada fora de tempo merecia livre indirecto.»

Mundo Desportivo” (a propósito do segundo penalty): «Cavém obstruído quando perseguia a bola dentro da área. A falta só exigia livre indirecto.”

Concluimos assim que o caso Calabote não passa de uma lenda. O FCP foi campeão nesse ano, o tempo de desconto justifica-se, e a existir beneficio foi num penalty onde a duvida é a de ser dentro ou fora da área porque falta existiu. Se hoje em dia os arbitros enganam-se nestes lances, o que se dirá há 50 anos.

3 comentários:

abidos disse...

Existem também declarações do treinador da CUF no final da partida, onde admite que já nos descontos, ficou por marcar um penalty a favor do Benfica...

Abraços

Paulo Da Silva disse...

Caro abidos, obrigado pela informação.
Obrigado pela informação, certamente irei pesquisar mais informação sobre isso.

Abraços

abidos disse...

O treinador da CUF faz duras criticas ao Calabote, dizendo que o tal segundo penalty não existiu, e para reforçar a sua teoria diz qualquer coisa como: 'Aquilo nunca poderia ser penalty, olhem esta falta, agora mesmo no final da partida, é mil vezes mais penalty do que aquela que ele marcou'!!!

De referir que a erradiação foi decididda porque foi 'provado' que o Calabote mentiu no relatório, quando disse que o jogo começou com 4 minutos de atraso, e outras 'testemunhas' afirmaram que o jogo começou com 7 minutos de atraso!!!

O Benfica ainda uilizou outro esquema para atrasar o jogo, fazendo uma homenagem ao Coluna, quando as equipas de perfilaram em campo...!!!

Lembrar ainda que o Benfica na Quinta-feira anterior, foi obrigado a repetir o jogo com o Belenenses em Belém, tinha ganho por 0-1, mas os Pastéis protestaram alegando que no golo do Benfica, num pontapé de canto, a bola fez uma curava por fora do campo!!! E por incrivel que pareça ganhou o protesto!!! Neste jogo de repetição o Benfica ganhou por 4-0!!! Mas o esforço sentiu-se durante o jogo contra a CUF, tendo o Benfica marcado a maioria dos golos no início do jogo!!!


A única suspeita que recaíu sobre o Benfica neste jogo da CUF, foi uma suposta proposta ao Gama, guarda-redes da CUF, que teria sido assediado para assinar pelo Benfica para a próxima época, algo que não aconteceu. Guarda-redes que foi substituido ao intervalo (creio que alegaram lesão, e por isso foi permitida!!!)



Abraços