sábado, 2 de abril de 2011

Entrevista Exclusiva com Valdo


                  Foto de Chamaco
Desde já o Blog Avante P'lo Benfica agrade ao Valdo a sua enorme disponibilidade para esta entrevista e sobretudo ao Grande Foto jornalista e amigo Chamaco que tornou este encontro entre amigos e admiradores possível

Estivemos à conversa com Valdo, um daqueles jogadores que envergou o Manto Sagrado com mais amor, um daqueles jogadores, que irá pairar para sempre na memória de todos os Benfiquistas, quer pela sua forma de jogar, aqueles passes fantásticos, o seu toque curto de bola ou as variadas formas como marcava golos, principalmente de livre.
Ao longo da entevista conseguimos perceber a forma como Valdo passou as suas fases da carreira, a primeira chegada ao Benfica a sua partida e o regresso para partir novamente pelas mãos de um treinador que gostava mais de pedreiros do que jogadores de toque refinado.
Valdo, o Homem ou o Jogador, sempre se pautou pelos mais altos valores que um ser Humano possa ter, sempre respeitou acima de tudo, amigos, colegas de profissão e treinadores que teve ao longo da sua carreira.
Valdo é um Exemplo de Homem, Jogador ou Treinador para todos nós e principalmente para o futebol, um futebol actualmente promíscuo e com falta de valores éticos ou morais.
Valdo vive actualmente o Benfica como todos nós comuns mortais ou comuns Benfiquistas, Orgulha-se do Benfica, grita como nós, chora como nós, sofre como nós, Vive o Benfica como o seu clube do Coração.

Entrevista:

Avante P'lo Benfica:
Como aparece o Benfica na carreira do Valdo e a sua vinda para o Benfica?

Valdo:
Eu jogava no Grémio e na selecção Brasileira, fui ao México 86, um grande presente que recebi, pois não esperava.
Naquele tempo havia lista do 40 no Brasil e quem fizesse parte dessa lista já era uma honra, fui agraciado e fui ao
Mundial de 1986, depois voltei fui logo de seguida ao pré-olímpico na Bolivia, comecei a dar mais nas vistas ia sempre à selecção principal, numa dessas andanças, apareceu o sr. Manuel Ferreira Barbosa, com uma proposta do Benfica, e acertaram tudo com o Grémio.

Avante P'lo Benfica: 
Ainda houve um impasse pelo meio na transferência para o Benfica?

Valdo:
O impasse que houve foi que o Sr. Manuel foi a um programa de televisão no Brasil e disse que o Benfica tinha muito dinheiro, o acordo já estava feito por 1 milhão de dólares e o Grémio pediu mais dinheiro, e acabei por vir por 1.5 milhões de dólares.

Avante P'lo Benfica :
Como Foram os primeiros tempos de Benfica e o peso da Camisola?

Valdo:
Eu por natureza sou muito tranquilo, por mim está tudo na paz, tudo está bom, eu sabia ao que vinha, o Diamentino era talvez na época o jogador famoso do Benfica, estava lesionado não participou na final da Taça dos Campeões Europeus, e pronto eu vim, sabia da responsabilidade da época tinha 22 anos 23, já jogava na selecção Brasileira  era titular, e então nada me assustou, muito pelo contrário, eu tive muita felicidade e prazer em saber que estava num grande clube, já que no Brasil os considerados jogadores de ponta ou de clubes de grande craveira são habituados a grandes palcos o que me ajudou muito em Portugal foi jogar num clube de massas como o Benfica.

Avante P'lo Benfica:
Como foi ser treinado por Eriksson?

Valdo:
O Ericksson era um estratega, tinha treinado em Itália, era muito estrategista, sabia falar, sabia passar a mensagem sempre com tranquilidade, que é uma coisa que admiro muito, você têm de ser, não não só hoje mas desde que você seja um lider, você tem de ser sempre muito mais gestor, psicólogo de
homens do que treinador e o Eriksson tinha um pouco de tudo isso.

Avante P'lo Benfica :
Qual o Treinador que mais o Marcou na sua Carreira como Futebolista?

Valdo:
O treinador que mais me marcou e gostei de trabalhar foi o Toni, foi com o treinador com quem mais aprendi, em termos técnicos muito bom um coração enorme, embora pecasse porque deixava o coração falar mais do que a razão; você sabe que quando está na frente de qualquer entidade ou sector de trabalho
se a emoção falar mais alto vai dar para o torto e é só uma questão de tempo e foi o que realmente prejudicou o Toni.

Agora o Ericksson era seguro, tranquilo, sabia passar a mensagem, nunca se apavorava.
Por vezes estávamos a perder ao intervalo por 1-0 ou 2-0 e o Erikson sempre passava a mensagem no balneário de que iríamos dar a volta ao resultado, o que na maioria das vezes aconteceu.

Avante P'lo Benfica :
Erickson e o Toni eram naaquela época treinador principal e treinador adjunto, o Valdo acha que o facto de trabalharem os dois juntos foi um dos factores para o sucesso do Benfica?

Valdo:
Concerteza, o Toni tinha o que o Erickson não tinha, que era pé no chão o cheiro da relva, Ericksson já era mais sofisticado, tinha essa imponência, era um treinador sofisticado então era uma junção quase perfeita, o Ericksson fazia o trabalho táctico e o Toni era mais trabalho de corpo a corpo homem a homem, o que é muito importante dentro de uma equipa.

Avante P'lo Benfica :
Como foi ser Campeão pelo Benfica?

Valdo:
Ser campeão é sempre bom seja onde for.
Sempre encarei o título como o coroar de sucesso de uma época inteira de trabalho, então para mim sempre foi não uma sensação minha mas saber que eu sou um dos responsáveis pela felicidade de milhões e milhões de pessoas que durante 1 semana, 1 mês ou 1 ano ou até ao próximo título irão viver essa felicidade.
Como também é frustrante chegar a uma final e não vencer e ser responsável de uma forma directa ou indirecta pela tristeza de milhões e milhões de pessoas.

Avante P'lo Benfica:
Como foi perder a final da Taça dos Campeões em Viena?

Valdo:
Muito sinceramente sempre encarei o futebol de uma forma muito tranquila, costumo dizer que sou o avesso do avesso dos outros que viveram o que viveram o que eu vivi, eu sempre fui consciente daquilo que eu poderia fazer, daquilo que a minha equipa poderia fazer, e sempre fui muito frio a analisar a outra equipa, porque treina como nós treinamos. joga em família como nós jogamos, que chora como nós choramos como perde como nós perdemos, que ri quando ganha, e nós perdemos nada nada menos para o AC Milan, de Geovanni Galli, Tassotti, Baresi, Costacurta, Maldini, Ancelotti, Rijkaard, Gullit, Donadoni, Van Basten e Evani.
Não perdemos para qualquer equipa, e nós perdemos num detalhe, numa desatenção do Hernâni, que ouviu um apito que veio da bancada parou e não era apito do árbitro, e foi aquela fracção de segundo que foi determinante a bola caiu no pé do Rijkaard e foi o golo. Mas o Benfica fez um bom jogo, mas é como digo você tem de estar preparado, porque é um jogo é uma profissão,
e você está sujeito aos 3 resultados.

Avante P'lo Benfica :
Durante a semana aconteceu uma situação curiosa na preparação para o jogo em que o Samuel treinou a semana toda como lateral esquerdo, a equipa sentiu confiança nessa adaptação feita pelo Ericksson?

Valdo:
Eu acho que um balneário ou uma equipa ou uma empresa, quando você faz parte desse lote é porque você tem a confiança, quer do treinador quer dos colegas de trabalho, então naquela época sem falsa modéstia
o Benfica tinha vários Brasileiros que tinham uma certa influência mas pelo lado positivo, como tinha os Suecos também pelo lado positivo, então cada um era representante das suas selecções do seu pais, mas
a confiança era total e isso não assustou em nada a equipa do Benfica nem o Samuel, muito pelo contrário já que o Samuel era um pouco mais de velocidade e isso era um ponto forte.

Avante P'lo Benfica :
Dizia-se que um dos pontos fracos do Samuel era a estatura e por isso nunca seria um central de eleição.

Valdo:
Por vezes no futebol, se pegarmos o Gamarra é pouco mais alto que eu, o Luisinho que jogou no Sporting e para mim foi um dos melhores centrais do Mundo e com pouca estatura.
Depende muito da leitura, se for um gigante e abobalhado, que não tenha uma boa leitura de jogo não adianta, então uma boa leitura de jogo e bem posicionado é melhor do que ser um jogador grande e sem posicionamento, você tem de estar preparado, se você pegar um gigante igual ao Peter Crouch é difícil para qualquer um e para o Samuel um central de baixa estatura seria muito complicado mas ele tem as artimanhas dele, puxa o calção faz isso ou aquilo.

Avante P'lo Benfica:
O jogo do título nas Antas?

Valdo:
Eu sempre gostei de jogar na casa do adversário, tem de estar mais ligado mais concentrado, e eu particularmente gostava de jogar contra os irmãozinhos, porque me dava gozo, eles tinham a mania, especialmente o Paulinho Santos e aquele pessoal todo, que tinham a mania que eram mais machos que os outros, que batiam e matavam.

Avante P'lo Benfica:
Nesse jogo do título contra o Porto, o ambiente infernal, os problemas com os balneários e as ameaças, como foi vivido?

Eu sempre fui tranquilo e na América do Sul e quando se vai para as eliminatórias de umas eliminatória da copa do Mundo ou de uma libertadores, meu amigo ali como diz o Brasileiro é chapa quente, então ali nas Antas um ambiente um pouco mais parecido com a América do Sul que não tem nada a ver, é um jogo que você tem de entrar ligado, você é obrigado a entrar à altura que o jogo pedir, em termos de concentração e adrenalina.
Quando fizemos o 1-0 e depois o 2-0 em que eu fiz o passe para o César Brito, 2-0 a sentença estava decretada, e logicamente que naquele jogo quando vi o Fernando Couto e aquele jogadores do FC Porto a chorar em campo,
é lógico que dá um certo gozo, embora não goste de sofrer com a desgraça dos outros, mas eu acho que em qualquer sector de trabalho você tem de ter respeito pelo teu colega de trabalho de profissão, independentemente de onde ele jogue ou trabalhe, pois a qualquer momento você pode está na mó de cima ou de baixo.
O que mais sempre me revoltou na vida em geral e principalmente no futebol que é o meu meio, é realmente a falta de gentileza, humildade e a falta de respeito pelo colega de trabalho então sempre tratei
todos os colegas bem e é assim que tem de ser porque você não sabe o dia de amanhã.


Avante P'lo Benfica:
Valdo como se proporcionou a saída do Benfica e como foi sair do Benfica?

Valdo:
Muito sinceramente na época eu não pretendia sair do Benfica, mas a minha vinda já foi complicada, eu vinha para ganhar um salário e cheguei aqui já não era aquele salário e fiquei a ganhar bem menos do que
aquilo que me foi proposto no Brasil, e quando cheguei aqui eu fiz os cálculos, fiquei no Benfica porque eu nunca joguei para ganhar dinheiro, ganhar dinheiro sempre foi a consequencia, e se de facto eu pensasse em ganhar dinheiro eu teria feito muito mais dinheiro do que aquele que fiz durante a carreira. Eu sempre sonhava jogar no Maracanã, no Morumbi, no Beira Rio, num Olímpico isso era meu sonho de miúdo, eu não
pensava em dinheiro.
Dinheiro te dá acesso a comprar várias coisas, comprar uma casa para meus pais como comprei, para meus irmãos, meus cunhados, isso o dinheiro me deu, mas o dinheiro nunca mudou e nunca irá me mudar posso ter milhões e milhões.
E a saída do Benfica foi depois do Mundial de 1990 em Itália, eu tinha recebido uma proposta fabulosa, fantástica do AC Milan, onde um dirigente foi em minha casa e eu disse a ele que não queria, ele disse que eu era louco com o dinheiro que estava em cima da mesa, e eu perguntei a ele, tudo bem eu vou para o Milan, o Sr. irá colocar-me a jogar em que posição? O ancellotti eu não sou trinco, Rickard eu não vou tirar do time, O Gullit também não vou, Donadoni que eu poderia jogar pelo lado direito capitão da selecção da Itália, o Evani a mesma coisa, O Van Basten avançado, eu falei, eu vou jogar onde? Eu disse para ele, meu sr. eu quero é voar, tenho 27 anos, quero jogar correr, e então ele começou a rir e falou "Bravo".
Eu nunca fui movido pelo dinheiro, é que cheguei a um momento da minha carreira que queria outros voos outros desafios. O PSG estava lá o Artur Jorge, já lá estava o Ricardo Gomes, o Geraldão que é meu amigo pessoal e era um desafio, o PSG brigava para não descer e o projecto era bom, graças a Deus fui muito feliz desde o dia que lá cheguei, correu muito bem, fomos bi-campeões, vencemos a taça, fomos 3 anos consecutivos às meias finais da uefa, e morremos sempre nas mãos dos Ingleses, mas faz parte.

Avante P'lo Benfica:
O Regresso ao Benfica?

Valdo:
Eu sai do PSG, porque o Luiz Fernandez, teve um problema comigo, eu tinha contrato de mais 2 anos, o Fernandez criou problemas com todos os jogadores que o Artur Jorge tinha trazido, então eu resolvi sair
e como não gosto de brigar com ninguém, e se fosse acertado tudo o que tinha para receber iria embora sem problema nenhum e apareceu o Benfica vim voltei com o Artur Jorge foi um ano muito difícil,
de transição, vinha este, vinha aquele treinador, ai ficou o capitão (Mário Wilson) maravilhoso e ganhámos a taça de Portugal só Deus sabe como.

Avante P'lo Benfica:
Como Foi trabalha com Mário Wilson?

Valdo:
Foi diferente de tudo, muita experiência, muita psicologia, foi um paizão, e para aquela situação em especial, só uma pessoa com o conhecimento que ele tinha de futebol e de vida, só ele poderia dar um rumo aquela equipa do Benfica completamente destroçada, mas Mário Wilson com o seu carisma e o seu ar de paizão, conseguimos vencer a taça.

Avante P'lo Benfica:
Como foi jogar a final da taça do jogo após o Very Light?

Valdo:
Infelizmente são coisas que ainda acontecem no Futebol, por vezes há tanta revista, mas claques sempre têm uma forma de entrar com esses objectos no estádio, mas entrar num estádio com um very ligh é extremamente preocupante, é igual ao jogo do Benfica em Braga, não consigo entender como se faz tanta revista e as pessoas entram com bolas de golf num estádio, então acho que a segurança tem de ser mais apertada, e as pessoas têm de ser punidas por isso de uma forma severa.

Avante P'lo Benfica:
Os próprios clubes não deverias ser punidos por esses actos de vandalismo?

Valdo:
Eu não diria o clube, darei um exemplo, eu sou do Benfica ou do Belenenses e quero prejudicar o Braga, ai eu envio uns bandidos e digo-lhes vocês levam isso para dentro do estádio e lançam, e está feita a confusão.
Tem de ser feita uma punição exemplar, fotografar quem provocou a violência, e proibi-los de entrar nos estádios por um número elevado de anos.
Quem poderia dar um exemplo são os grandes, mas normalmente são os que lançam a confusão.
Hoje por exemplo em Portugal dispensam-se quase 500 mil euros em efectivo Policial e de segurança, em França são quase 800 mil Euros, e quem paga é o contribuinte. O ambiente todo preparado por vezes é um ambiente de guerra e por vezes em vez de protegerem Incitam mais a violência.

Avante P'lo Benfica:
Na altura eu Kapotes acompanhei a saída do Valdo do Benfica com tristeza e achava que era um daqueles jogadores que nunca deveriam ter saído do Benfica e por ser dos pouco que carregavam a mística do Benfica, porque sai o Valdo do Benfica sendo o treinador o Manuel José?

Valdo:
Valdo, (risos), eu sempre fui e sempre serei da paz, o Manuel José quando chegou ao Benfica ele falava eu não olho nomes, pode ser o “Valdo” fulano ou beltrano, e dentro de momentos voltava a repetir o meu nome, e no mesmo dia quando cheguei a casa e disse para a minha esposa, pode preparar as lágrimas que nós vamos embora no final da temporada, e ela me perguntou o porquê, eu respondi que se ele repete o meu nome 10 vezes meu nome como um mau exemplo para a equipa é porque ele quer confusão comigo.
A meio da temporada passa-se um episódio, fomos jogar a Braga o João Pinto não foi por lesão que era o capitão, e estava 1 grau, um frio daqueles, só estava o Benfica e a equipa de arbitragem em campo o Braga demorou a entrar em campo e porque éramos obrigados, um jogo daqueles horrível em que estávamos a perder por 1-.0 e empatámos 1-1 no final.
No dia seguinte houve reunião, o Manuel José falou e falou na palesstra, e falou e falou que o miúdo me decepcionou,e falou e falou no miúdo, e eu pensei bem o miúdo não sou eu porque tenho 30 e poucos anos e o Manuel José falou ainda para mais sendo o capitão esperava mais, e o Manuel José passou-me a palavra e eu disse que não queria falar nada, eu não pedi para falar com o senhor perante o grupo e disse vamos treinar, por mim tudo tranquilo, no final do treino e depois de todos os colegas de equipa saírem, e quando o Manuel José foi para o escritório dirigi-me a ele, falei com ele e exigi respeito não pedi para vir para o Benfica, não pretendo morrer no Benfica, o Benfica não é meu como não é seu, o Benfica é dos Sócios e aviso já o sr. De que não treino separado do grupo, não tenho lepra não tenho nada, o Manuel José disse-me que contava comigo ao que eu respondi que você não conta comigo nada, vai contar história para historiador, apenas exijo respeito porque eu respeito o Sr..
Depois desse episódio fiquei 6 jogos sem ser sequer convocado, pois eu não fazia parte dos planos de Manuel José
No final da temporada o Presidente Damásio procurou-me ele queria renovar o contrato comigo por 2 anos, eu apenas disse que poderiam dar-me 10 vezes mais que não renovaria porque não estava feliz, falei o que pensava, vou embora, não quero o mal de ninguém e surgiu o Japão, um novo desafio.

Avante P'lo Benfica:
Como foi a experiência no Nagoya Grampus, Japão?

Valdo:
Foi uma experiência excelente, maravilhosa, apenas sai do Nagoya, Japão, porque eu perdi a minha filha do 1º casamento a Tatiane, num acidente de carro no Brasil, porque senão eu teria ficado no Japão até hoje, tirando os terramotos.

Avante P'lo Benfica:
Um clube, uma camisola que gostasse de ter representado e vestido?

Valdo:
Flamengo..., infelizmente não vesti “risos” embora seja Vascaíno e os Vacaínos vão querer matar-me, mas faz parte, mas o o Flamento para mim aquela torcida... não dá para explicar, só mesmo quem vestiu aquele Manto é que deve saber qual a sensação... eu falo como adversário, eu defrontei o Flamengo de:
Zico, Adir, Andrade, Nunes, Tita, Mozer, Júlio Cesar, Filiol, Leandro, Raúl, Júnior entre outros, era realmente era diferente, e quando a torcia começava a cantar o hino deles eles parecia que se multiplicavam dentro de campo e não há por onde correr porque a coisa fica feia demais.

Avante P'lo Benfica:
Recordo-me do Valdo quando vivi no Rio de Janeiro jogar no Botafogo “Fogão” como surge o Botafogo?

Valdo:
O Botafogo apareceu, com o Levir Cuper, depois de ter voltado para o Grémio e ter passado por uma experiência mal sucedida no Juventude com o Ricardo Gomes. Estava no meu escritório em Balneário Camboriu e ligou-me o Levir, e disse-me que necessitava de mim, e eu disse que não queria mais jogar, e ele respondeu-me, você vai falar não para mim que sou teu amigo? Eu perguntei qual era o projecto.
O Levir me respondeu, O Botafogo não tem nada desceu de divisão, e eu necessito de guerreiros,é você o Fernando, tal e tal e continuou a falar e disse, e eu “Porra” e perguntei se poderia chegar na 2ª Feira, e o Levir me disse amanhã, isso era uma Terça, e ele me respondeu ó baixinho, eu respondi que amanhã estou chegando, e assim foi o Botafogo, e ai foi a maior experiência de vida que tive, 4 meses sem receber, 3 meses sem receber, não havia água nos treinos, o meu papel foi muito importante sem falsa modéstia.

Avante P'lo Benfica:
Pai do Grupo?

Valdo:
Sim quase o pai do grupo, eu tinha 40 anos, então foi muito bom, uma coisa de amizade de amor, e tudo o que se faz com amor é o melhor.

Perguntas  do Blog http://manueloliveira2000.blogspot.com/ um grande Benfiquista

Qual o momento mais marcante no Benfica?

Valdo:
A Vitória sobre o Marselha e o título nas Antas

O porque de tão pouco tempo no Sport Recife?

Valdo:
Eu fui para um projecto que era o hexa-campeonato, só quem detém ou detinha era o Naútico e infelizmente o projecto falhou, o Levir foi mandado embora e como foi o Levir que me levou para o Náutico e eu só tinha contacto até ao meio do ano, e o Levir foi para o Atlético Mineiro e acabou por levar-me para o Atlético Mineiro, mas o Leão da Ilha do Retiro, foi um clube que amei jogar, uma torcida fantástica, embora faça muito tempo que joguei no Sport Recife, é um clube que guardo com muito carinho e ainda hoje guardo as camisolas com que joguei, e independentemente do clube contra quem o Sport jogue eu sempre torço pelo Sport Recife.

A experiência como treinador com o Rondondópolis?

Valdo:
Eu não diria que não deu certo porque deu certo, só que era um clube do interior e os dirigente têm uma atitude um pouco provinciana, os donos do clube não vão para campo, mas querem escalar o time, querem fazer tudo, e quando cheguei para treinar o clube tinha entre 45 a 60 jogadores o que é um absurdo para um clube profissional, e havia um grupo de empresários que contratava jogadores a torto e a direito e fazia um esquemas com dinheiro, e eu bati de frente com tudo aquilo e comecei a ter problemas, e decidi vir embora, mas montei uma grande equipa, foi a única equipa que no 1º semestre de 2009 ganhou o ao Internacional de Porto Alegre que era o detentor da Libertadores se não estou em erro.

Pensa em voltar a treinar no Brasil?

Valdo:
Sim, irei, tenho um projecto para voltar para o Brasil, gostaria de fazer o caminho inverso, gostaria de começar aqui em Portugal, mas não tive oportunidade e irei regressar o meu país e treinar uma equipa no Brasil, e tentar fazer o meu trabalho e o meu grande objectivo e se Deus quiser e permitir, será ir com uma equipa Africana ao Mundial de 2014 no Brasil.

Avante P'lo Benfica:
Qual o melhor Golo ao Serviço do Benfica?

Valdo:
Não tenho muitos mas tenho bons, há um contra o Salgueiros, que eu entro pela esquerda em velocidade e piso na bola e caí e assim que caí levantei-me e bati com a parte de dentro do pé ela bate na trave e entra. Mas o meu 1º golo ao serviço do Benfica foi inesquecivel, foi no estádio da Luz contra a académica de Viseu, onde eu finto 4 ou 5 jogadores, saio do lado direito para a esquerda e remato com o pé esquerdo de muito longe e foi um grande golo.

Avante P'lo Benfica: 
Quais as diferenças do Benfica do tempo do Valdo para o Benfica Actual?

São apenas as épocas, o Benfica continua grande como sempre foi, desde a época de Cosme Damião, Eusébio, Coluna, Simões, Torres, Chalana e companhia, a minha época da mesma forma grande porque de resto o Benfica continua Grande, enorme.

Avante P'lo Benfica: 
Algum dia notou algum rancor, animosidade por parte de outros jogadores por vestir a camisola do Benfica?

Valdo:
Posso falar-te com toda a naturalidade, nunca tive problemas com ninguém, porque sempre tratei todos os outros jogadores com todo o respeito, e eu sei de onde eu vim, criei-me na rua e eu vim do nada, o ser humano para mim tem um valor que não tem preço, então quando você respeita um ser humano você tem de ser respeitado.
Vou dar-te um exemplo, quando eu jogava e os outros jogadores pediam para trocar a camisola comigo, eu trocava sempre a camisola ao intervalo e no final do jogo e o director do Cruzeiro veio falar comigo que não poderia trocar, eu expliquei ao director que não poderia negar o pedido, porque talvez aquele jogador talvez não volte a defrontar o Cruzeiro e a camisola que aquele jogador queria era a minha, e então eu decidi que encomendava um lote de camisolas com o número 10 e trocava e sempre que aquele lote acabava eu pagava e o Cruzeiro repunha.

Avante P'lo Benfica: 
Valdo, gostaria de voltar ao Benfica?

Valdo:
Muito sinceramente, espero voltar um dia, pelo que eu fiz e ainda represento segundo o que os dirigentes falam, talvez haja a hipótese de um dia integrar os quadros do Benfica, até pelo que já vivi e pela experiência que tenho como 27 anos de profissional, gostaria de ser útil ao Benfica, seja nos Iniciados, Juvenis, Juniores, acredito que poderia ser útil ao Benfica.

Mantém contacto com companheiros dos seus tempos de Benfica?

Sempre que posso, so muito emotivo e gosto de ter os meus amigos perto de mim, seja por telefone, seja por e-mail, então sempre que possível eu procuro estar estar junto com os meus que ajudaram a escrever a minha pequena história.

Valdo é para mim um motivo de orgulho estar aqui sentado junto com o Valdo e ter tido a oportunidade de fazer esta entrevista, porque cresci a ver vocês a jogar futebol, e o Valdo foi um dos responsáveis por eu ser Benfiquista, porque eu não era Benfiquista, era do Sporting por influência familiar.

Fim de Entrevista. 

Foto de Chamaco
 
PS.O formato áudio desta entrevista está disponível, a quem o desejar basta que façam o pedido para o E-Mail do Blog.

2 comentários:

MG disse...

parabéns Kapotes

António Maia disse...

parabéns! adorei! e obrigado!
viva o Benfica!
e pluribus unum