Entrevista de Jorge Schnitzer ao jornal "Público" de 1994
Decorria o Mês de Fevereiro de 1994, a luta pela aquisição dos direitos televisivos pelo jogos da Seleção de Futebol estavam no final, segundo Jorge Schnitzer à época Editor de Desporto da SIC à muito que a F.P.F já teria tomado a decisão de vender os direitos aos mesmos de sempre a Olivedesportos de Joaquim Oliveira
Será o culminar de um processo que teve início semanas antes do sorteio do Campeonato da Europa de futebol, que colocou Portugal no Grupo 6, juntamente com a República da Irlanda, Áustria, Letónia, Irlanda do Norte e Liechtenstein. Tudo indica que a empresa de Joaquim Oliveira será a vencedora, uma vez que a verba apresentada foi superior à da sua concorrente, a LPE. A acontecer, esta decisão abre o mercado a todas as televisões (a LPE é subsidiária da RTP), cabendo à Olivedesportos comandar as negociações seguintes, nomeadamente escolher o canal televisivo para transmitir esses jogos. Até ao momento, a RTP tem tido as «preferências»de Joaquim Oliveira.
Contactado pelo PÚBLICO, o editor do desporto da SIC, Jorge Schnitzer, foi peremptório ao afirmar que a decisão da FPF já há muito está tomada: «A Olivedesportos já ganhou esses direitos de transmissão. Oficialmente, ainda nada foi dito, mas ninguém que conheça minimamente o futebol português tem dúvidas sobre isso.» Uma situação com a qual Jorge Schnitzer discorda em absoluto porque, na sua opinião, sempre pessoal -- como o próprio faz questão de salientar --, o concurso deveria ter apenas «envolvido a federação e os canais televisivos, e nunca um intermediário», que apenas vai inflacionar o preço das transmissões.
«Uma vez mais, quem apresentou a melhor proposta, que foi a SIC, não ganha, e não se compreende porque é que não são os próprios operadores televisivos, públicos ou privados, a negociar directamente o contrato. O que agora deveria acontecer era que os três canais se entendessem e não negociassem com ninguém. E aí a Olivedesportos que arranjasse meios e transmitisse», comenta Jorge Schnitzer, recordando depois o sucedido com as negociações para o «Nacional» de futebol. «A SIC apresentou primeiro uma proposta de 50 mil contos, que foi coberta pela RTP, 55 mil contos. Entretanto colocou-se um intermediário pelo meio e o contrato ficou em dois milhões e 480 mil contos.»
O primeiro passo da federação neste processo, que hoje poderá conhecer o seu desfecho, baseou-se numa consulta aos três canais de televisão portuguesa, tendo-lhes sido pedida a apresentação de propostas para a negociação de transmissões nacionais de um conjunto de 15 jogos da selecção «A», que incluía cinco encontros do «Europeu», outros tantos do «Mundial» e os restantes de partidas particulares, ou seja, um contrato até 1994. A resposta foi dada antes de serem conhecidos os adversários de Portugal no Campeonato da Europa, com a SIC a apresentar a proposta mais alta, 250 mil contos, contra 170 mil contos da RTP, enquanto a TVI avançava com uma verba de metade do valor da proposta da televisão estatal.
Feita a sondagem, a FPF consultou de seguida os operadores nacionais possuidores deste mercado, a Olivedesportos e a LPE, para os direitos nacionais e internacionais de transmissão televisiva e publicidade, partindo do pressuposto de que as suas receitas teriam de ser no mínimo de 500 mil contos. A LPE, em conjunto com a RTP, apresentou uma proposta inferior à Olivedesportos.
Fonte:
Entrevista de Jorge Schnitzer ao Jornal "Público"
em 22/02/1994
2 comentários:
Realmente não há lógica financeira nenhuma para os canais no envolvimento de um intermediário nestas negociações.
Um grande abraço
Ridículo e foi assim que foram ganhando dinheiro, e agora tem capacidade para manipular campeonatos dando mais dinheiro a quem menos produz (corruptos).
Benfica sempre.
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