A Passagem do árbitro José Guimaro pela Prisão
A «Operação bolsos limpos»
Que terminou de mãos vazias
No final do mês de Junho o País dava com árbitro José Guímaro na cadeia. Passados os anos (o ano?) da revolução Socialista, vivia-se de novo um Verão quente.
A partir de uma denúncia anónima de corrupção, enviada por telefaxe, a Polícia Judiciária invadiu a casa de José Guímaro e arrecadou-o. Ficou preso preventivamente nas instalações da própria PJ, para garantir o prosseguimento das investigações. Estava-se perante uma operação inédita, que haveria de ficar conhecida por «Operação bolsos limpos» e que a opinião pública achava pecar apenas por tardia. Para além de José Guímaro outras pessoas foram «visitadas » por agentes da judiciária, embora mais ninguém tivesse sido preso – António Garrido, Marques da Silva, Reinaldo Teles, Jorge Gomes, Veiga Trigo, Soares Dias e, embora não o tivesse sido confirmado, António Marçal. Isto logo nos primeiros dias, pois uma das armas que a Polícia utilizou foi a rapidez.
Porém, os documentos achados nos domicílios destes «visitados» não justificaram a detenção dos proprietários. A investigação, sustentada na colaboração do árbitro detido e do seu companheiro do Funchal, Marques da Silva, e na análise dos documentos, prometia ir longe e pôr tudo em pratos limpos. Estar-se-ia a cumprir a profecia do antigo árbitro Francisco Silva, feita após ter caído na armadilha que o afasto dos campos de Futebol? O ex-juiz Algarvio havia dito que, caso a Judiciária investigasse a arbitragem, os corruptos seriam apanhados. Foram duas semanas efervescentes, com a comunicação social tentando furar os silêncio Policial, justificado de não espantar a «caça grossa».
O povo convenceu-se de que o futebol iria ficar de cara lavada, embora mentes mais calculistas alertassem que a dita operação não passava de mera manobra de distração governamental para desviar a atenção dos Portugueses das crescentes movimentações sociais de oposição ao poder, com epicentro nos confrontos com a Polícia no tabuleiro da Ponte 25 de Abril.
Com razão ou sem ela, o facto é que depressa as primeiras páginas dos jornais se esqueceram do caso e algum tempo depois José Guímaro era solto e a «coisa» morria por ali.
Cinco meses e meio após o início da operação nada se sabe e tudo continua na mesma, ficando o povo cada vez mais céptico e as instituições cada vez mais desacreditadas.Fonte:
Jornal Desconhecido
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