Nuno Cardoso, Arguido diz-se perseguido politicamente
e vitimiza-se
Nuno Cardoso desferiu, dia 20 de Janeiro de 2005, em conferência de Imprensa, graves acusações contra o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, e o ministro da Justiça, Aguiar Branco, afirmando que estão a influenciar o andamento da investigação do caso da permuta de terrenos entre a autarquia e o FC Porto. Era para ser uma conferência de Imprensa, mas afinal traduziu-se na leitura de um comunicado de dois minutos, em directo para as televisões. No seu estilo truculento, o ex-autarca da Invicta apresentou-se como vítima de perseguição política, com o objectivo de prejudicar a sua candidatura à Câmara pelo PS.“Para a transparência do processo Rui Rio será naturalmente constituído arguido, pois foi ele quem assinou todos os contratos que formalizei”, disse, acrescentando: “Se tal não acontecer, eu próprio o convocarei para testemunha”. O ex-autarca fez referências a um conjunto de coincidências que no seu entender provam a teoria de uma cabala contra si. “Todas as sondagens me dão como o candidato melhor colocado para derrotar Rui Rio nas autárquicas “, disse. E não poupou o ministro Aguiar Branco, “o número um do PSD no distrito do Porto e amigo pessoal e aliado político de Rui Rio”. “Já esperava esta acção mas para Junho, perto das eleições autárquicas”, garantiu Nuno Cardoso, justificando esta antecipação pelas sondagens negativas do PSD no distrito em vésperas de legislativas.
Sobre as acusações que sob ele recaem, Cardoso diz estar “tranquilo e à espera que a Justiça funcione”. Não falou sobre o processo “para não violar o segredo de Justiça”, e sublinhou que o “ Plano de Pormenor das Antas foi aprovado por unanimidade pela Câmara e Assembleia Municipal”.
Ontem à tarde, Nuno Cardoso foi ouvido no DIAP, onde decorrem mais dois processos, nos quais Rui Rio está incluído, decorrentes da troca de acusações com o actual presidente da Câmara.
APARTAMENTOS DE LUXO
Os antigos terrenos da família Ramalho deram lugar aos quatro lotes onde está a ser erguido o Empreendimento Parque da Cidade. Os apartamentos estão a ser vendidos entre os 314 mil euros (T2) e os 593 mil (T4+1). Foi Rui Rio quem acabou por conceder o licenciamento desta urbanização, em 2003, argumentando que não poderia inviabilizar a construção uma vez que os projectos tinham sido aprovados por Nuno Cardoso.
O imbróglio com os terrenos começou no dia da celebração da escritura: a família Ramalho negociou com a Câmara, o Executivo aprovou (Julho 1999), a assembleia municipal anuiu sem qualquer voto contrário (Setembro 1999). Tudo normal. Só que no dia da escritura, a 3 de Março de 2000 quem apareceu no negócio foi o FC Porto, assumindo a posse dos terrenos.
A Inspecção-Geral de Finanças diz que foi a própria autarquia a sugerir ao clube ‘azul e branco’ a aquisição. Nuno Cardoso é peremptório : “Eu não fui”, assegura. E garante que só no dia da escritura foi informado da alteração pelo próprio notário.
MINISTRO RESPONDE
O ministro da Justiça respondeu, em comunicado, às declarações de Nuno Cardoso. Aguiar Branco considera que o ex-presidente da Câmara do Porto revelou “ignorância das regras do funcionamento do sistema judicial”. “Nuno Cardoso revelou ainda falta de respeito pessoal pelas instituições judiciárias e pelo Ministério da Justiça. As questões de justiça devem ser discutidas nas instâncias próprias”, acrescenta o mesmo comunicado.
Entretanto, o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, referiu que não ia prestar declarações sobre a pronunciação de Isabel Damasceno como arguida, no âmbito do megaprocesso ‘Apito Dourado’.
Do lado do PS, o ‘CM’ tentou obter uma reacção, mas a Direcção Nacional do partido remeteu-se ao silêncio.
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