sexta-feira, 18 de março de 2011

FC Porto, Pinto da Costa os amigos e a Corrupção - PARTE I

PC E AMIGOS - PARTE I

O clube de Pinto da Costa tinha atingido o auge tanto em termos nacionais como
europeus. Era o apogeu, o delírio e o júbilo de um povo que nunca se tinha visto em
tamanha aventura. PC fez esquecer o seu velho e grande amigo Pedroto, evitando
qualquer comentário que pudesse recordar o velho mestre. A glória tinha de ser só sua e
de mais ninguém. A cidade caiu-lhe aos pés, e foi a partir dessa altura que PC tomou
consciência do poder que tinha e que Reinaldo Teles começou a alimentar a sua grande
esperança de um dia vir a ser alguém no seu clube.

Reinaldo tinha Pinto da Costa quase na mão, através dos assíduos encontros deste
último com as suas miúdas. As amantes sucediam-se e até entravam em lista de espera.
PC sentia-se um Don Juan e conhecia uma vida totalmente diferente daquela a que
sempre estivera habituado. O poder alimentou ainda mais a sua ambição e começaram aí as
traições aos seus melhores amigos.
Umas como pura defesa pessoal, outras para abrir caminho para os que iam
chegando e prometiam uma maior subserviência, o que lhe dava a garantia de poder
governar sozinho e principalmente sem ter de dar muitas explicações.
Os títulos traziam muito dinheiro para os cofres do clube Pinto da Costa já tinha
esquecido os momentos em que era apenas um vendedor de fogões, muito embora
continuasse ligado à mesma firma, onde mantinha uma posição superior. Os milhares
com que tinha de lidar começaram a toldar-lhe a mente e a aumentar a sua ambição.
O seu clube era um grande chamariz para os grandes negócios e não faltaram
oportunistas para tirar partido disso. Foi nessa altura que surgiu um empresário italiano
muito ligado à venda de jogadores, mas com negócios ilícitos à mistura. Luciano
D´Onofrio já tinha jogado futebol em Portugal, e acabou por criar raízes no nosso país,
mais propriamente a sul, aproveitando uma grande parte do seu tempo para entrar nas
redes ligadas ao tráfico de droga... e era mesmo vital aquele ponto geográfico para o
negócio!
Luciano D´Onofrio, um indivíduo baixo, magro e com cara de rato, de nariz afilado
mais parecendo um bico, apareceu pela mão de Reinaldo Teles e recebeu a bênção de
PC.
D´Onofrio era um empresário sem escrúpulos e com alguns mandatos de captura em
diversos países europeus, precisamente por tráfico de droga, mas foi acolhido como uma
pessoa de grande interesse para o clube. Pinto da Costa foi quem mais lucrou com a sua
vinda. Os jogadores do seu clube inflacionaram-se no mercado europeu, e D´Onofrio
viu ali um grande negócio para si e para PC. Em todos os jogadores que fossem
negociados para o clube ou que saíssem dele, o presidente teria sempre a sua
percentagem, desde que mais ninguém interferisse no negócio. Após o recebimento das
primeiras comissões Pinto da Costa via-se rodeado por dois elementos ligados ao
mundo do crime. Não era segredo para ninguém que Luciano D´Onofrio tinha ligações
com a Mafia italiana e que Reinaldo mais alguns familiares viveram sempre de
habilidades e negócios marginais, negócios centralizados na prostituição e na receptação
de objectos roubados. «Pena é que estes ramos não estejam inscritos nos fundos
comunitários», costumava dizer Reinaldo, que um dia ficou deliciado quando em
Amesterdão viu umas garinas expostas em montras. Por um só momento, Reinaldo viu a
rua de Santa Catarina transformada um gigantesco bordel, imaginando situações do tipo
«leve três e pague duas» ou «pague o seu bacanal em dez suaves prestações». Mas era
sonhar muito alto.
Foi este tipo de gente que fez engolir em seco muitas pessoas honestas e com dignidade
que estavam ligadas ao clube. Alguns protestaram, defenderam a ideia de que o clube
tinha de ser gerido com mais transparência e acabaram por ser afastados. Como
aconteceu com Alberto Magalhães, reputadíssimo empresário.
PC, cada vez mais lá no alto, qual Deus do Olimpo, qual César à frente das legiões,
não dava tréguas:
- Aqui quem manda sou eu, e quem não estiver bem que se afaste!
O clube vivia momentos conturbados em termos directivos, mas os resultados
desportivos eram óptimos. Consequentemente, Reinaldo Teles ia subindo na
hierarquia do clube. Já tinha subido de chefe de segurança a chefe de departamento de
futebol, uma ascensão que deixou muita gente de boca aberta, mas que foi aceite sem
grande contestação, pois nessa altura já Reinaldo tinha todo o seu staff de segurança
organizado. Reuniu alguns dos maiores rufias da cidade, alguns dos seus conhecidos
dos negócios marginais e de prostituição, e impôs um cordão de silêncio tanto a
jornalistas como a dirigentes. Quem contestasse ou denunciasse algo que não convinha,
recebia a visita de um desses marginais e ficava sem vontade de dizer mais nada,
subordinando-se ao silêncio e à aceitação dos factos.
Nem os sócios conseguiam fugir a esta perseguição.
Mas quando as derrotas surgem ou os resultados demoram a aparecer e as exibições
não são as melhores, há sempre associados que contestam. No final de um jogo em que
o clube tinha perdido, um associado, passando ao lado dos balneários, não se coibiu de
lançar alguns insultos ao presidente e seus pares.
- Filhos da puta, chulos, vão trabalhar!
Pinto da Costa, que estava de sobretudo e mãos nos bolsos, tendo a seu lado Reinaldo
Teles e mais dois dirigentes de menor importância, todos rodeados por quatro capangas,
deu de imediato uma ordem em surdina:
- Fodam-me esse gajo!
Os quatro capangas deram meia volta, seguiram o indivíduo até às imediações do
estádio e deram-lhe uma sova, perante o olhar incrédulo das outras pessoas que não
sabiam muito bem o que se estava a passar. Era a lei da força e do silêncio.
O esquema estava montado, e dirigente que ousasse abandonar o clube e falar do que
ouviu ou viu, sabia bem o que lhe poderia acontecer.
O grupo de seguranças foi-se refinando alicerçado pela parcialidade e impunidade
com que os próprios jagunços era tratados e alongou-se até alguns agentes de autoridade
que não se importavam de ostentar as suas armas como forma de intimidação. Foi sobre
esta onde de poder e segurança que Pinto da Costa construiu o seu império e
imperializou a sua própria imagem. Ele sentia-se um Al Capone à portuguesa, com a
vantagem de não poder ser apanhado pelo fisco, pois não tinha rendimentos legais que
justificassem qualquer tributação. Tinha, isso sim, o poder nas mãos e ficou ainda
mais seguro disso a partir do dia em que se aliou a um bruxo muito conceituado em
terras brasileiras que dava pelo nome de Pai João (Delane Vieira), um bruxo que não se
limitava aos orixás, fornecendo também a equipa de futebol com frasquinhos de vidro
que continham um guaraná em pó muito especial, esmagado por uma tribo de índios do
interior do Brasil. O «speed», normalmente recomendado para os gulosos do sexo, ajudava
os craques e, aliado à normal injecção de «vitaminas», tornava-os super-homens dentro
do campo. E era certo que a aparelhagem do anti-doping estava completamente
desajustada para detectar o que quer que fosse. Mas até este sector, a seu tempo, foi
devidamente controlado.
Entretanto, Reinaldo Teles não cessava a sua actividade, continuando a arranjar as
melhores amantes para Pinto da Costa e a dar-lhe toda a protecção. Rodeado de poder,
mas ainda sem dinheiro, o presidente, como lhe chamava Reinaldo, tinha algumas
limitações, mas nunca esqueceu o velho amigo Ilídio Pinto, a quem continuava a
extorquir o dinheiro que queria para efectuar alguns negócios, sempre com a promessa
de que um dia este viria a ser vice do futebol profissional.
- É uma questão de tempo. Você tem de ter paciência. Necessito de si em lugares
mais importantes para a vida do clube. Um dia o futebol será seu.
Com estas palavras de Pinto da Costa, o Ilídio lá ia passando uns cheques e cobrindo
algumas despesas, porque fortuna pessoal foi coisa que nunca se conheceu ao
presidente.
O grande negócio acabaria por surgir.
Um clube espanhol (Atlético de Madrid) interessou-se pela aquisição de Futre, e o
seu presidente resolveu vir a Portugal contactar o jogador, sem antes consultar o clube
de Pinto da Costa. Mas a organização, constituída por mais de uma dezena de guarda-costas, estava sempre bem informada de tudo quanto se passava na cidade e
essencialmente dos assuntos que diziam respeito ao clube. Por isso, quando chegou a
boa nova de que o presidente do clube espanhol estava em Portugal para falar com
Futre, foi de imediato colocado um plano de ataque em marcha, cujo nome de código
era «Caça à Peseta».
Apesar de Gil y Gil estar, no seu país, bem à altura de Pinto da Costa, quando veio a
Portugal estava muito longe de saber o que lhe ia acontecer. Chegou ao Porto e
combinou encontro com um empresário, para avaliar a possibilidade de levar Futre para
Espanha. O bar era pequeno e decorado de uma forma simples. No fundo da sala, um
pouco na penumbra, estava sentado Gil y Gil à espera do tal empresário quando
irromperam pela sala dentro quatro indivíduos que, sem darem cavaco a ninguém, o
rodearam e apertaram contra a parede, lançando o aviso:
- Se voltas aqui sem primeiro falares com o presidente do nosso clube, podes ter a
certeza que não sais daqui vivo. Na próxima, não há aviso! - rugiu Reinaldo, decalcando
o final da sua declaração de um filme que tinha visto em Pinheiro da Cruz.
Estas palavras foram ditas com tanta certeza e segurança que Gil y Gil quase se mijou
pelas pernas abaixo. Fora a sua primeira lição como futuro presidente de um dos
maiores clubes espanhóis. «Coño, em Portugal não se brinca», suspirou, ainda com as
pernas a tremer como varinhas verdes.
Gil y Gil não disse palavra, limitando-se a sair do bar e a enfiar-se na sua viatura,
acelerando, sem olhar para trás, até Espanha. Gil até se esqueceu de comprar um queijo
da serra em Vilar Formoso, como prometera a Carmen, a sua amante de Madrid/Sul.
Já no seu território, contactou directamente com Pinto da Costa, e este, sem muitas
palavras, indicou-lhe um interlocutor: Luciano D´Onofrio.
- O seu braço direito? - quis saber Gil.
- Mais ou menos, pois será ele a conduzir o assunto – informou PC.
Gil y Gil ficou tão impressionado com a acção de Pinto da Costa que resolveu
oferecer um extra ao seu congénere português: uma vivenda em Madrid.
- Sim senhor, mas numa zona fina, se faz favor – aceitou PC de pronto.
D´Onofrio entretanto colocou outro jogador (Rui Barros) de PC num clube italiano (Juventus) e a soma da venda de Futre e desse jogador vendido para Itália foi de 1
milhão e 200 mil contos, uma verba que PC nunca teria imaginado poder passar pelas
suas mãos. De imediato, PC juntou todo aquele dinheiro e abriu uma conta particular,
prometendo aos seus parceiros de direcção que aquela verba iria servir exclusivamente
para a compra de jogadores para o clube. Todos acreditaram, mas esse dinheiro
desapareceu como o fumo. Para amostra não ficou nem sequer um mísero escudo.
As ligações de Pinto da Costa com situações marginais começaram a ser comentadas,
e isso criou um certo descontentamento entre alguns directores, nomeadamente no
patrão da sua empresa, Alfredo Costa, e presidente do Conselho Fiscal do clube.
Ninguém como Alfredo Costa conhecia a vida de Pinto da Costa e, por isso, sabia muito
bem que este andava a vivera além das suas reais possibilidades, entrando em outros
negócios e noutras sociedades, sem se lhe conhecer a proveniência do dinheiro.
Desconfiado desta situação, como presidente do Conselho Fiscal do Clube, Alfredo
Costa um dia interpelou Pinto da Costa sobre o milhão e duzentos mil contos da venda
dos dois jogadores, mas como resposta obteve apenas:
- Não tenho de dar contas a ninguém.
Alfredo Costa estava de pé frente à secretária de Pinto da Costa e quase não acreditou
no que estava a ouvir. Aquela era a confirmação de que o dinheiro tinha mesmo
desaparecido e não pactuou mais com a situação, demitindo-se do seu lugar de
presidente do Conselho Fiscal do clube, ao mesmo tempo que intimava Pinto da Costa a
abandonar a sua empresa.
Alfredo Costa não teve contemplações:
- Recuso-me a trabalhar com gente desonesta. Na minha empresa não posso ter
indivíduos do seu quilate.
Pinto da Costa estava na mó de cima e não ficou muito preocupado com a situação.
Uma grande parte daquele milhão tinha sido investida em várias empresas com ligações
a familiares seus, mas sem o mínimo de capacidade de gestão, e todas acabaram por
falir. O dinheiro fácil nunca é bem gerido, e o clube já estava a pagar as aventuras do
seu presidente.
Mas os fiéis associados pouco se importavam com essas contas. Eles não queriam
saber de gestão, mas de golos, e esses não faltavam. Pinto da Costa e Reinaldo Teles
também sabiam disso e tinham de se organizar no sentido de garantir que esses golos e
essas vitórias nunca haveriam de faltar.
Para deixar a empresa onde trabalhava, Pinto da Costa ainda teve que pagar sete mil
contos e ficou sem carro por uns tempos. O milhão e tal de contos tinha desaparecido
sem deixar rastos e tinha deixado de rastos PC, a contas com a justiça, por cheques
sem cobertura e penhoras a bens pessoais. Foi um momento difícil, mas que não abateu
o presidente, levando-o antes a pensar que o seu negócio era o futebol. Era nessa área
que se movia como peixe na água, e a modalidade não estava a ser devidamente
explorada. Todos os movimentos foram reprogramados, de forma a que o clube tivesse
uma gestão capaz de alimentar o seu presidente.
Reinaldo Teles acabou por subir na escala do poder no clube. O vice para o futebol
foi afastado, e Reinaldo chegou-se mais ao presidente, ocupando o lugar deixado vago.
A vaidade pessoal de Reinaldo levou-o a abrir mais uma casa de alternos, desta vez
mais chique e refinada. As putas eram de melhor qualidade e o champanhe também.
Pinto da Costa não perdia um strip-tease, e quando lhe agradava, saboreava ao vivo a
estrela do espectáculo. PC sentia-se cada vez mais um Al Capone à portuguesa.
Sempre rodeado de guarda-costas, assumia a pose do gangster e já tratava as
raparigas da forma que um dia vira num filme americano, nos seus tempos de liceu.
Tinham surgido alguns escândalos e alimentava-se a desconfiança em relação à forma
como os dinheiros estavam a ser geridos e distribuídos, mas aos poucos a organização
refinou-se, de forma a não deixar rastos. Luciano D´Onofrio era um gangsterzinho e foi-se
apercebendo da forma pouco cuidada e pouco profissional como os assuntos eram
tratados e em alguns negócios governou-se com mais dinheiro do que aquele que ficara
combinado, e para anular essas fugas, Pinto da Costa resolveu montar uma sociedade
secreta na Suíça para que existisse um maior secretismo. D´Onofrio era uma figura
envolta em algum mistério. Tanto aparecia como, quase por artes mágicas, desaparecia,
o que acontecia normalmente quando se adivinhavam maus momentos. Estas artes de
prestidigitador livraram-no de muitos sarilhos, embora alguns anos mais tarde Luciano
não tivesse conseguido evitar alguns dias de detenção num calabouço suíço, por suposta
ligação a um caso futebolístico que abalou o futebol francês (Olympique Marselha).
PC confiava cegamente no seu amigo Luciano.
- D´Onofrio, vamos legalizar a nossa situação montando uma empresa de compra e
venda de jogadores. No meu clube só você vende e compra todos os atletas, mas
podemos estender o nosso negócio até outros clubes desde que se mantenha segredo
absoluto.
- Está bem , presidente, você é que manda. Um dia ainda há-se ser como o
Berlusconi.
Pinto da Costa não perdeu tempo.
- Vamos já formar essa sociedade, porque tenho um negócio para ser feito já.
Na semana seguinte já estavam os dois na Suíça para legalizarem a empresa de
compra e venda de jogadores.
O seu primeiro negócio foi com um clube francês (Matra Racing de Paris) cujo
Treinador (Artur Jorge) já tinha passado pelo clube de PC.
- Temos de realizar dinheiro, porque as coisas não estão muito boas. As empresas que
tenho montado têm dado uma grande barraca e levam-me o dinheiro todo. Temos o Jorge
Plácido para vender a um clube francês.
Luciano D´Onofrio arregalou os olhos e disse com espanto:
- Mas, presidente, esse jogador não tem cotação europeia.
- Não se preocupe com isso, porque quem lá está vai querê-lo.
D´Onofrio, ainda sem acreditar no que ouvia, apesar de toda a sua experiência no
mundo das vigarices, perguntou:
- Como vai ser feito o negócio?
- O nosso clube vende o Plácido à nosso empresa por 60 mil contos e nós vendemo-lo
ao clube francês por 160 mil contos.
- Desses negócios é que eu gosto. Ganhamos mais que o clube.
- Tenho que dar uma volta à minha vida e começar a ganhar dinheiro, porque o que já
perdi não foi pouco. No futebol é que está o nosso grande negócio.
Luciano D´Onofrio arregalou os olhos e pensou de imediato em ir um pouco mais
adiante, mas resolveu não falar disso com o presidente. Preferia colocar o problema a
Reinaldo Teles, que era um elemento mais acessível para as situações de ilegalidade.
Logo que pôde, encontrou-se com Reinaldo Teles e convenceu-o a falar com o
presidente.
- Reinaldo, temos um negócio que dá dinheiro que se farta, mas tens de ser tu a falar
disso ao presidente.
Reinaldo olhou-o pensativo, mas lá acabou por se decidir.
- Não venhas com tangas p´ra mim. Diz lá que o que queres que proponha ao
presidente.
- Tenho feito aí uns negócios com cocaína e nem imaginas o lucro que isso dá.
- Estás maluco. Pensas que o presidente vai numa coisa dessas?
- As coisas estão más e é necessário realizar dinheiro. Com a protecção que o futebol
dá, podemos trabalhar à vontade.
Reinaldo Teles convenceu-se de que, de facto, havia alguma razão nas palavras de
Luciano D´Onofrio e comprometeu-se a falar com o presidente sobre o assunto.
Pinto da Costa ouviu atentamente Reinaldo e mandou-o avançar com a ideia, mas ele
queria ficar de fora.
- Resolvam lá isso vocês os dois, mas deixem-me de fora para poder controlar melhor
a situação.
Reinaldo Teles não era burro e ficou desconfiado. Naquele momento não disse nada
mas, passados dias, voltou a falar do assunto.
- O melhor é ficarmos os dois de fora, e eu arranjo alguém para tratar do assunto
directamente com D´Onofrio.
De início, o negócio correu bastante bem, mas passados alguns meses, a polícia
começou a ameaçar com algumas buscas, tendo inclusive ido esperar o autocarro do
clube à portagem dos Carvalhos para o revistar de alto a baixo. Mas nunca encontrou
nada, porque a rede estava bem montada e não faltavam informadores. No entanto,
Pinto da Costa sentiu o perigo que essa situação podia estar a criar e, como tinha
consciência de que inimigos era coisa que não lhe faltava, depois das primeiras prisões
de pessoas ligadas ao grupo que actuava em paralelo com D´Onofrio, deu ordem para se
terminar com o negócio da cocaína que começava a ser vendida um pouco
descaradamente aos próprios jogadores de futebol do FC Porto.
Pinto da Costa não perdia tempo. Não dormia só para pensar. A «coca» garantia
muitas horas de espertina, no fim de contas.

1 comentário:

Unknown disse...

para quando a parte II??