Dragão Ataca
O inquérito Governamental às acusações de práticas violentas pelo Futebol Clube do Porto já apurou as primeiras conclusões. Uma rede unindo polícias e marginais tem sido responsável pela segurança de Pinto da Costa e pelas agressões e intimidações a árbitros, jogadores e dirigentes desportivos rivais.
José Branquinho, Comissário da PSP e responsável pela 1ª esquadra da baixa do Porto, é um dos principais visados no inquérito que já decorre através do Ministério da Administração Interna para apurar os responsáveis pelas cenas de violência verificadas no F.C.Porto - Benfica.
Mas há mais. Os sub-intendentes Paulo Ribeiro e Delfim Passos também estão na mira dos inquiridores, «por terem "abafado " graves situações provocadas por desordeiros pertencentes áquele corpo policial em situações anteriores, dos adeptos do futebol», soube O Idependente junto de fonte ligada à investigação.
O comissário Branquinho que foi distinguido por bons serviços no tempo de Eurico de Melo pela pasta da defesa é para já o principal visado. São conhecidas as suas anteriores ligações a Alfredo da Silva Teixeira e António Bernardino Pinto, dois marginais presos em 28 de Fevereiro do ano passado por posse de heroína, por quem se fazia acompanhar muitas vezes para prestar proteção a Pinto da Costa e a alguns dirigentes do F.C.Porto.
Os dois indivíduos em causa foram apanhados em flagrante delito na portagem dos Carvalhos em Gaia, na posse de 600 gramas de heroína e acompanhados pelo comerciante e chefe da rede, Fernando Ferreira. Pinto está preso em Guimarães e Teixeira conseguiu prisão domiciliária, mas as más companhias parece estarem a comprometer o comissário Branquinho. Este grupo de que existem fortes suspeitas de ser liderado pelo conhecido comissário da Baixa do Porto, envolve os nomes de Alfredo Teixeia, e Ribeiro Pinto e, também Abel Gomes, Damião Monteiro. Abílio Costa, Virgílio Marques e ainda um guarde de nome Correia.
Bons Rapazes
Os dois primeiros elementos da segurança Portista estão detidos. Damião Monteiro foi expulso da PSP por alegadas ligações a uma rede de prostituição. Abílio Costa, ex-subchefe da mesma corporação, foi também «corrido» da policia por se apoderar de objectos furtados, vendendo-os posteriormente. Virgílio Marques conhecido por «Maradona» é porteiro da "Teia" na Rua de Santa Catarina e assíduo acompanhante da Direção Portista - ainda recentemente esteve com os dirigentes do F.C.P no estádio de Alvalade, no jogo frente ao Sporting, onde pôde ser visto na tv quando alguns dirigentes prestavam declarações à Comunicação Social.
Quanto ao guarda Correia segundo as nossas fontes, «é ele quem distribui as UZZI ao grupo que protege o Clã Portista» O guarda Correia gozara da protecção do Comissário Branquinho e dos subintendentes Paulo Ribeiro e Delfim Passos.
As pequenas metrelhadoras são fornecidas ao grupo todas as Sextas-Feiras, antes dos jogos considerados importantes, ficando na posse dos citados indivíduos durante todo o fim-de-semana seguindo com eles nas suas deslocações aos mais variados estádios do País, mesmo nas deslocações de avião. Recorde-se já não é a primeira vez que vários porteiros de campos de futebol têm feito referência a intimidações sofridas com esse tipo de armas por acompanhantes não-identificados de dirigentes do F.C.Porto. No Restelo, o ano passado, um porteiro do Belenenses disse-se ameaçado por um indivíduo que possuía uma arma dessas, tendo-se já falado, na altura no nome do guarda Abel Gomes. Mesmo no desenrolar de alguns encontros de modalidasde, como o Andebol e o basquetbol, já se registarão agressões e intimidações embora não tenham tido a divugação de cenas semelhantes no Futebol. O Académico de Braga (andebol), o Sporting (hóquei em patins) e o Benfica (basquetebol) foram os mais sacrificados. Ainda há cerca de 1 mês no pavilhão do Académico de Braga, no final do jogo de andebol entre o Clube local e o Porto, ganho pelo primeiro, se verificaram violentos confrontos com elementos da «segurança» Portista, o mesmo sucedendo no pavilhão das Antas quando o Benfica se sagrou Campeão Nacional de basquetebol. Em ambos os casos houve feridos.
Abafos na Intendência
A juntar a todos estes personagens, surgem então o conhecido Abel Gomes, o motorista Araújo, da PSP, e Jorge Luis Batista Cardoso, o «Herói», assaltante com cadastro e consumidor de drogas. Segundo as contas dos inquiridores, Branquinho terá perto de 30 homens «prontos» para o que der e vier e que têm demonstrado ultimamente uma atitude tão agressiva quanto capaz de provocar uma verdadeira tragédia.
Mas dentro da própria PSP do Porto já há reclamações, «apesar do natural receio que estas denúncias possam trazer». O Segundo-subchefe Filipe Nogueira Gomes apresentou na 2ª Divisão da 16ª Esquadra em 1/05/1991, a participação nº 2459 contra Abel Gomes, por agressão a um superior. Diz o subchefe Nogueira que o guarda Abel «dificultou a minha acção junto de outro indivíduos (suspeitos), agarrando-me e disferindo-me uma forte cabeçada no maxilar inferior. Mesmo assim, e depois de movido o processo, Abel não foi suspenso. Continua a sua actividade como se nada se tivesse passado, perante a indignação de alguns dos seus colegas.
Diz-se entre eles que isto só é possivel porque o subintendente Paulo Ribeiro, abafou o caso». É, aliás, uma situação que recusam comentar publicamente, mas afirmam «á boca cheia» que «enquanto Paulo Ribeiro mandar, o Abel Gomes faz o que quer e o que lhe apetece». «É frequente reunir-se com alguns graduados na Cervejaria Sá Rei, bebendo uns copos já depois da hora de fecho. Estranham também a facilidade e a frequência com que Abel trás equipamentos do F.C.Porto para utilizar nos jogos de futebol de salão realizados entre eles».
Segundo apurámos, Abel e outros elementos do seu grupo são vistos frequentemente em fato-de-treino, demonstrando preferência pela Adidas, marca que fornece o clube das Antas.
Não faltando inclusive a Abel Gomes o característico «boné à Artur Jorge».
Ainda em relação às actitudes do guarda Abel, são frequentes as alusões ao seu «exibicionismo bacoco, contráriamente ao que se diz ser», e a um estilo de vida acima das suas possibilidades de agente. Segundo alguns cologas da PSP, vais todos os dias ao Bingo do Boavista, onde gasta vários contos reis, «gostando de se fazer acompanhar ». «É evidente que ele não tem ordenado para isso...» diz-nos quem o conhece.
Fonte:
Jornal " O Independente"
Edição de 17 de Maio de 1991
O inquérito Governamental às acusações de práticas violentas pelo Futebol Clube do Porto já apurou as primeiras conclusões. Uma rede unindo polícias e marginais tem sido responsável pela segurança de Pinto da Costa e pelas agressões e intimidações a árbitros, jogadores e dirigentes desportivos rivais.
José Branquinho, Comissário da PSP e responsável pela 1ª esquadra da baixa do Porto, é um dos principais visados no inquérito que já decorre através do Ministério da Administração Interna para apurar os responsáveis pelas cenas de violência verificadas no F.C.Porto - Benfica.
Mas há mais. Os sub-intendentes Paulo Ribeiro e Delfim Passos também estão na mira dos inquiridores, «por terem "abafado " graves situações provocadas por desordeiros pertencentes áquele corpo policial em situações anteriores, dos adeptos do futebol», soube O Idependente junto de fonte ligada à investigação.
O comissário Branquinho que foi distinguido por bons serviços no tempo de Eurico de Melo pela pasta da defesa é para já o principal visado. São conhecidas as suas anteriores ligações a Alfredo da Silva Teixeira e António Bernardino Pinto, dois marginais presos em 28 de Fevereiro do ano passado por posse de heroína, por quem se fazia acompanhar muitas vezes para prestar proteção a Pinto da Costa e a alguns dirigentes do F.C.Porto.
Os dois indivíduos em causa foram apanhados em flagrante delito na portagem dos Carvalhos em Gaia, na posse de 600 gramas de heroína e acompanhados pelo comerciante e chefe da rede, Fernando Ferreira. Pinto está preso em Guimarães e Teixeira conseguiu prisão domiciliária, mas as más companhias parece estarem a comprometer o comissário Branquinho. Este grupo de que existem fortes suspeitas de ser liderado pelo conhecido comissário da Baixa do Porto, envolve os nomes de Alfredo Teixeia, e Ribeiro Pinto e, também Abel Gomes, Damião Monteiro. Abílio Costa, Virgílio Marques e ainda um guarde de nome Correia.
Bons Rapazes
Os dois primeiros elementos da segurança Portista estão detidos. Damião Monteiro foi expulso da PSP por alegadas ligações a uma rede de prostituição. Abílio Costa, ex-subchefe da mesma corporação, foi também «corrido» da policia por se apoderar de objectos furtados, vendendo-os posteriormente. Virgílio Marques conhecido por «Maradona» é porteiro da "Teia" na Rua de Santa Catarina e assíduo acompanhante da Direção Portista - ainda recentemente esteve com os dirigentes do F.C.P no estádio de Alvalade, no jogo frente ao Sporting, onde pôde ser visto na tv quando alguns dirigentes prestavam declarações à Comunicação Social.
Quanto ao guarda Correia segundo as nossas fontes, «é ele quem distribui as UZZI ao grupo que protege o Clã Portista» O guarda Correia gozara da protecção do Comissário Branquinho e dos subintendentes Paulo Ribeiro e Delfim Passos.
As pequenas metrelhadoras são fornecidas ao grupo todas as Sextas-Feiras, antes dos jogos considerados importantes, ficando na posse dos citados indivíduos durante todo o fim-de-semana seguindo com eles nas suas deslocações aos mais variados estádios do País, mesmo nas deslocações de avião. Recorde-se já não é a primeira vez que vários porteiros de campos de futebol têm feito referência a intimidações sofridas com esse tipo de armas por acompanhantes não-identificados de dirigentes do F.C.Porto. No Restelo, o ano passado, um porteiro do Belenenses disse-se ameaçado por um indivíduo que possuía uma arma dessas, tendo-se já falado, na altura no nome do guarda Abel Gomes. Mesmo no desenrolar de alguns encontros de modalidasde, como o Andebol e o basquetbol, já se registarão agressões e intimidações embora não tenham tido a divugação de cenas semelhantes no Futebol. O Académico de Braga (andebol), o Sporting (hóquei em patins) e o Benfica (basquetebol) foram os mais sacrificados. Ainda há cerca de 1 mês no pavilhão do Académico de Braga, no final do jogo de andebol entre o Clube local e o Porto, ganho pelo primeiro, se verificaram violentos confrontos com elementos da «segurança» Portista, o mesmo sucedendo no pavilhão das Antas quando o Benfica se sagrou Campeão Nacional de basquetebol. Em ambos os casos houve feridos.
Abafos na Intendência
A juntar a todos estes personagens, surgem então o conhecido Abel Gomes, o motorista Araújo, da PSP, e Jorge Luis Batista Cardoso, o «Herói», assaltante com cadastro e consumidor de drogas. Segundo as contas dos inquiridores, Branquinho terá perto de 30 homens «prontos» para o que der e vier e que têm demonstrado ultimamente uma atitude tão agressiva quanto capaz de provocar uma verdadeira tragédia.
Mas dentro da própria PSP do Porto já há reclamações, «apesar do natural receio que estas denúncias possam trazer». O Segundo-subchefe Filipe Nogueira Gomes apresentou na 2ª Divisão da 16ª Esquadra em 1/05/1991, a participação nº 2459 contra Abel Gomes, por agressão a um superior. Diz o subchefe Nogueira que o guarda Abel «dificultou a minha acção junto de outro indivíduos (suspeitos), agarrando-me e disferindo-me uma forte cabeçada no maxilar inferior. Mesmo assim, e depois de movido o processo, Abel não foi suspenso. Continua a sua actividade como se nada se tivesse passado, perante a indignação de alguns dos seus colegas.
Diz-se entre eles que isto só é possivel porque o subintendente Paulo Ribeiro, abafou o caso». É, aliás, uma situação que recusam comentar publicamente, mas afirmam «á boca cheia» que «enquanto Paulo Ribeiro mandar, o Abel Gomes faz o que quer e o que lhe apetece». «É frequente reunir-se com alguns graduados na Cervejaria Sá Rei, bebendo uns copos já depois da hora de fecho. Estranham também a facilidade e a frequência com que Abel trás equipamentos do F.C.Porto para utilizar nos jogos de futebol de salão realizados entre eles».
Segundo apurámos, Abel e outros elementos do seu grupo são vistos frequentemente em fato-de-treino, demonstrando preferência pela Adidas, marca que fornece o clube das Antas.
Não faltando inclusive a Abel Gomes o característico «boné à Artur Jorge».
Ainda em relação às actitudes do guarda Abel, são frequentes as alusões ao seu «exibicionismo bacoco, contráriamente ao que se diz ser», e a um estilo de vida acima das suas possibilidades de agente. Segundo alguns cologas da PSP, vais todos os dias ao Bingo do Boavista, onde gasta vários contos reis, «gostando de se fazer acompanhar ». «É evidente que ele não tem ordenado para isso...» diz-nos quem o conhece.
Fonte:
Jornal " O Independente"
Edição de 17 de Maio de 1991
3 comentários:
Há muito que tudo isso é conhecido, 20 anos. E o que foi feito ? É o país que temos ...
O Branquinho era aqui conhecido como corrupto fazia servicos a quem pagasse mais. Foi apanhado varias veses mas em vez de o mandarem para a rua era transferido de posto e de esquadra. Quando finalmente se reformou continuou a fazer trabalhos para seguradoras e afins e descobria sempre os materiais roubados, pudera!
Já o guarda Abel distribia pancada à coronhada com a pistola fosse onde fosse, até dentro de discotecas. Dos mais violentos da policia aqui da zona.
Por estas e por outras não se pode acreditar nas forças policiais deste País.
Os gajos têm tudo muito bem controlado, apesar de a partir do apito dourado as coisas terem acalmado um bocado mas mesmo assim a corrupção e a intimidação reinam.
Um grande abraço
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