Corrupção na Liga e na Arbitragem, Notas do árbitro Paulo Paraty foram falsificadas
António Perdigão, ex-árbitro auxiliar com a categoria de internacional, disse ao Ministério Público que entregou a Valentim Loureiro, ex-presidente da Liga de Clubes, uma lista de observadores que deveriam ser escolhidos para assistirem aos jogos arbitrados por Paulo Paraty. O objectivo, assegurou, seria salvar Paraty da descida de categoria, já que na época 2002/2003 as notas tornavam a sua posição na tabela classificativa como bastante periclitante.
Ouvido pela equipa de Maria José Morgado, que em Julho de 2007 arquivou as suspeitas contra Paraty por o crime em que estava indiciado não prever a utilização de escutas telefónicas (abuso de poder), afirmou que desconhecia a intenção dos dirigentes em o manter na I categoria. Valentim também negou ter prestado tal ajuda, mas Mário Graça, o dirigente da Liga encarregado de nomear os observadores, escolheu sempre os árbitros indicados por António Perdigão.
Os autos revelam também que entre 8 de Fevereiro e 4 de Abril de 2003 as notas de Paraty subiram substancialmente. Até aí andavam à volta do 6,5, variando depois entre os 8,3 e os 8,4.
Ainda no mesmo período de tempo, as autoridades interceptaram uma escuta telefónica entre Pinto de Sousa e Valentim Loureiro, onde aqueles discutiam a situação do árbitro do Porto. O presidente da Arbitragem da Federação pediu ajuda ao presidente da Liga para evitar a descida de Paraty, já que naquele momento (Fevereiro de 2003) as notas do árbitro eram muito baixas.
Paraty voltou depois a aparecer no despacho referente à viciação das classificações em Novembro e Dezembro de 2003. Nessa altura foram interceptadas conversas que manteve com Pinto de Sousa, onde deu indicações sobre os observadores que pretendia que o acompanhassem nos jogos Benfica-Estrela da Amadora e Sporting-Setúbal.
O nome de Paulo Paraty voltou a aparecer no processo ‘Apito Dourado’ como sendo um dos árbitros que agradavam ao maior número de dirigentes. Pinto da Costa chegou a dizer que aceitava a sua nomeação para encontros envolvendo o FC Porto, mas também João Rodrigues, que funcionava como intermediário do Benfica, indicou o nome do árbitro como sendo uma ordem de Luís Filipe Vieira. A sua não nomeação para uma meia-final da Taça de Portugal chegou depois a criar um litígio entre Vieira e Pinto de Sousa, que obrigou Valentim Loureiro a intervir. Foi o presidente da Liga quem telefonou ao presidente do Benfica fornecendo nomes de outros árbitros e dando-lhe conta de que Paraty não poderia ser escolhido por já ter apitado um jogo do Benfica. Vieira escolheu depois João Ferreira.
Arquivados os processos-crime, Paraty terá agora de responder na justiça desportiva, para onde já seguiram todos estes factos.
OUTROS ÁRBITROS
COSME MACHADO
Escutas revelam que dirigentes tentaram que árbitro não subisse.
LUCÍLIO BAPTISTA
Pinto de Sousa disse a Lucílio que conseguiu subir nota.
CARLOS XISTRA
Carlos Xistra pediu observador para Alverca-Setúbal.
PEDRO HENRIQUES
Passou de 4.º para 3.º lugar para poder arbitrar a final da Taça.
ESCUTAS REVELADORAS
Paulo Baptista, árbitro da I categoria, chegou a ser acusado de corrupção passiva no processo referente ao jogo Naval-Chaves. O Tribunal da Figueira entendeu que a prova era insuficiente e Paulo Baptista voltou a ‘safar-se’ de uma acusação pública no processo da viciação das arbitragens. Nesse caso, o MP entendeu haver indícios de abuso de poder, mas o facto de a prova assentar unicamente em escutas telefónicas ditou o arquivamento.
Paulo Baptista foi ainda ‘apanhado’ numa escuta com Valentim, antes do jogo Penafiel-Chaves, onde o ex-presidente da Liga lhe disse para não se preocupar com o observador.
ÁRBITRO PREJUDICADO E BENEFICIADO
Carlos Xistra, árbitro da I Liga, foi apanhado nas escutas a pedir observador. Outras escutas revelam que Pinto de Sousa também o tentou prejudicar, fazendo-o descer na classificação.
OS ACERTOS FEITOS NA ARBITRAGEM
ESCUTAS TELEFÓNICAS
Azevedo Duarte fala com Pinto de Sousa sobre as alterações das classificações da arbitragem
A.D. – Estive aqui a estudar, vamos valorizar os que têm de subir e vamos tirar estes que estão para descer e não queremos que eles desçam [...] valorizamos também e os outros descem automaticamente, enquanto uns sobem na pontuação os outros descem e nós metemos [...] Cumprimos o que está no regulamento, porque quem sobe não reclama e quem desce pode reclamar mas está legal, está direitinho.
P.S. – Está perfeito
A.D. – O Paulo Torrão faz isso. Depois fazemos aquele show off de ir buscar ao cofre e não sei quê. Mas está tudo feito.
Pinto de Sousa diz a Pinto da Costa que é Pedro Henriques quem vai apitar a final da Taça. E dá-lhe conta de que vai trocar as notas daquele árbitro com as do setubalense JoãoFerreira, que deveria ter ficado em terceiro lugar.
P.S. – Estou interessado em que o Pedro Henriques fique em terceiro, não custa nada fazer a troca, até já mandei o gajo da Federação, um engenheiro, vem cá com o computador fazer isso.
P.C. – Tem de ser.
Pinto de Sousa e Valentim conversam ao telefone sobre a classificação de Paraty.
P.S. – Eu precisava de falar contigo, estou preocupadíssimo com o Paraty, a continuar assim ele desce de internacional [...].
V.L. – Não tem estado bem?
P.S. – Tenho as notas dele, dão para descer quanto mais para continuar como internacional.
Os autos revelam também que entre 8 de Fevereiro e 4 de Abril de 2003 as notas de Paraty subiram substancialmente. Até aí andavam à volta do 6,5, variando depois entre os 8,3 e os 8,4.
Ainda no mesmo período de tempo, as autoridades interceptaram uma escuta telefónica entre Pinto de Sousa e Valentim Loureiro, onde aqueles discutiam a situação do árbitro do Porto. O presidente da Arbitragem da Federação pediu ajuda ao presidente da Liga para evitar a descida de Paraty, já que naquele momento (Fevereiro de 2003) as notas do árbitro eram muito baixas.
Paraty voltou depois a aparecer no despacho referente à viciação das classificações em Novembro e Dezembro de 2003. Nessa altura foram interceptadas conversas que manteve com Pinto de Sousa, onde deu indicações sobre os observadores que pretendia que o acompanhassem nos jogos Benfica-Estrela da Amadora e Sporting-Setúbal.
O nome de Paulo Paraty voltou a aparecer no processo ‘Apito Dourado’ como sendo um dos árbitros que agradavam ao maior número de dirigentes. Pinto da Costa chegou a dizer que aceitava a sua nomeação para encontros envolvendo o FC Porto, mas também João Rodrigues, que funcionava como intermediário do Benfica, indicou o nome do árbitro como sendo uma ordem de Luís Filipe Vieira. A sua não nomeação para uma meia-final da Taça de Portugal chegou depois a criar um litígio entre Vieira e Pinto de Sousa, que obrigou Valentim Loureiro a intervir. Foi o presidente da Liga quem telefonou ao presidente do Benfica fornecendo nomes de outros árbitros e dando-lhe conta de que Paraty não poderia ser escolhido por já ter apitado um jogo do Benfica. Vieira escolheu depois João Ferreira.
Arquivados os processos-crime, Paraty terá agora de responder na justiça desportiva, para onde já seguiram todos estes factos.
OUTROS ÁRBITROS
COSME MACHADO
Escutas revelam que dirigentes tentaram que árbitro não subisse.
LUCÍLIO BAPTISTA
Pinto de Sousa disse a Lucílio que conseguiu subir nota.
CARLOS XISTRA
Carlos Xistra pediu observador para Alverca-Setúbal.
PEDRO HENRIQUES
Passou de 4.º para 3.º lugar para poder arbitrar a final da Taça.
ESCUTAS REVELADORAS
Paulo Baptista, árbitro da I categoria, chegou a ser acusado de corrupção passiva no processo referente ao jogo Naval-Chaves. O Tribunal da Figueira entendeu que a prova era insuficiente e Paulo Baptista voltou a ‘safar-se’ de uma acusação pública no processo da viciação das arbitragens. Nesse caso, o MP entendeu haver indícios de abuso de poder, mas o facto de a prova assentar unicamente em escutas telefónicas ditou o arquivamento.
Paulo Baptista foi ainda ‘apanhado’ numa escuta com Valentim, antes do jogo Penafiel-Chaves, onde o ex-presidente da Liga lhe disse para não se preocupar com o observador.
ÁRBITRO PREJUDICADO E BENEFICIADO
Carlos Xistra, árbitro da I Liga, foi apanhado nas escutas a pedir observador. Outras escutas revelam que Pinto de Sousa também o tentou prejudicar, fazendo-o descer na classificação.
OS ACERTOS FEITOS NA ARBITRAGEM
ESCUTAS TELEFÓNICAS
Azevedo Duarte fala com Pinto de Sousa sobre as alterações das classificações da arbitragem
A.D. – Estive aqui a estudar, vamos valorizar os que têm de subir e vamos tirar estes que estão para descer e não queremos que eles desçam [...] valorizamos também e os outros descem automaticamente, enquanto uns sobem na pontuação os outros descem e nós metemos [...] Cumprimos o que está no regulamento, porque quem sobe não reclama e quem desce pode reclamar mas está legal, está direitinho.
P.S. – Está perfeito
A.D. – O Paulo Torrão faz isso. Depois fazemos aquele show off de ir buscar ao cofre e não sei quê. Mas está tudo feito.
Pinto de Sousa diz a Pinto da Costa que é Pedro Henriques quem vai apitar a final da Taça. E dá-lhe conta de que vai trocar as notas daquele árbitro com as do setubalense JoãoFerreira, que deveria ter ficado em terceiro lugar.
P.S. – Estou interessado em que o Pedro Henriques fique em terceiro, não custa nada fazer a troca, até já mandei o gajo da Federação, um engenheiro, vem cá com o computador fazer isso.
P.C. – Tem de ser.
Pinto de Sousa e Valentim conversam ao telefone sobre a classificação de Paraty.
P.S. – Eu precisava de falar contigo, estou preocupadíssimo com o Paraty, a continuar assim ele desce de internacional [...].
V.L. – Não tem estado bem?
P.S. – Tenho as notas dele, dão para descer quanto mais para continuar como internacional.
NOTAS
JULGAMENTO EM LISBOA
O caso das classificações da arbitragem foi o único a ser julgado em Lisboa. Os restantes processos foram julgados no Norte ou na Madeira.
ATRASOS EM GONDOMAR
O caso referente ao Gondomar, cuja acusação foi deduzida em Janeiro de 2006.
O juiz pediu escusa por ser membro da Liga.
VALENTIM NO TIC DO PORTO
A instrução do caso de corrupção desportiva, no jogo Boavista-Estrela, foi aberta no TIC do Porto. A juíza é enteada de Pôncio Monteiro.
ACUSAÇÃO CONTESTADA
O único caso de corrupção envolvendo Valentim Loureiro que foi discutido em instrução foi arquivado. Dizia respeito ao jogo Naval-Chaves.
Fonte:
Jornal "Correio da Manhã"
1 comentário:
Não percebo porque raio existem tipos de crimes que não podem ter como prova escutas. Ainda por cima abuso de poder, como é que se pode resolver um caso destes sem escutas? Só dá se os criminosos disserem a verdade, lol.
Benfica sempre.
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