José Manuel Osório, fadista e estudioso de fado, morreu aos 64 anos. O músico estava infetado com o vírus da SIDA há 27 anos, sendo o caso mais antigo com esta doença, em Portugal.
Em novembro, o fadista iria receber o Prémio Amália Rodrigues Ensaio/Divulgação. Segundo o musicólogo Rui Vieira Nery, este galardão iria ser a sua consagração como investigador na área do fado, na qual se tinha destacado nas últimas décadas.
O músico coordenou coleções discográficas ligadas ao fado da Movieplay Portuguesa, nomeadamente ‘Fados da Alvorada’ e ‘Fados dos Fados’, publicou o Público.
Recentemente, começou a fazer uma pesquisa sobre a imprensa fadista, tendo deixado acabado e pronto a publicar um texto de introdução à reedição do livro ‘O Fado e os seus censores’, de Avelino de Sousa.
O interesse por este estilo musical típico português começou quando se matriculou na Faculdade de Direito e passou a frequentar as casas de fado da linha de Cascais que, segundo afirmou outrora, eram “espaços de alguma revolta em relação às casas de fado que proliferavam nos bairros históricos de Lisboa, e que transformavam o prazer de cantar numa obrigação”.
Para José Manuel Osório, o fado não era uma obrigação, pelo contrário, era uma paixão à qual se dedicou durante a vida.
Foi a frequentar estas casas de fado que se lançou na carreira do fado. Conheceu vários fadistas e poetas como Vasco de Lima Couto, que lhe ofereceu um poema para cantar, e José Carlos Ary dos Santos, que lhe escreveu o decassílabo ‘Desespero’ para que ele o cantasse.
Mais tarde, o artista fundou o Grupo Independente de Teatro da Faculdade de Direito, que dirigiu e onde encenou ‘O Homúnculo’, o primeiro texto de Natália Correia a ser representado em público. Na área da representação, foi um grande dinamizador do teatro amador.
O seu primeiro disco foi gravado em 1968, com poemas de Ary dos Santos, Lima Couto, Manuel Alegre, Mário Sá carneiro, entre outros. No ano seguinte lançou outro álbum que lhe valeu o Prémio para Melhor Disco do Ano.
Em 1970 foi considerado o Melhor Fadista, pela Casa da Imprensa, mas a PIDE DGS, polícia política da época, não o deixou atuar no Coliseu.
“José Manuel Osório foi dos primeiros da sua geração a fazer a ponte entre o fado e o setor intelectual da oposição democrática”, revelou Rui Vieira Nery, à Agência Lusa.
O estudioso de fado foi para Paris trabalhar num restaurante onde se cantava fado e aí conheceu personalidades como José Mário Branco, Sérgio Godinho e Luís Cília.
O seu quarto disco incluiu poemas de escritores conceituados como Fernando Pessoa, Manuel Alegre, António Aleixo, Francisco Viana, entre outros.
Colaborou também com diversos músicos, entre eles António Chaínho, Arménio de Melo, Manuel Mendes e José Nunes.
Quando regressou definitivamente a Portugal, em 1973, Osório iniciou as suas pesquisas sobre fado, tendo elegido para ponto da sua investigação o fado operário e anarcossindicalista, ao qual pretendia dar voz.
Depois da revolução dos cravos, o fadista gravou os seus últimos três discos de fado tradicional, que encerraram a sua carreira discográfica, apesar de no ano passado ter gravado ‘Fado da Meia Laranja’ para uma coletânea do poeta José Luís Gordo.
Desde esta altura até 1990 que se dedicou à carreira como produtor de espetáculos e agente de artistas.
Além de ter estado sempre ligado à festa do Avante, o investigador também participou na criação do ‘Retiro do Fado, um espaço fadista.
Em 1993 preparou ‘As Noites de Fado da Casa do Registo’, incluídas na Lisboa/94, Capital Europeia da Cultura daquele ano.
Passados cinco anos, foi o coordenador das Festas da Cidade de Lisboa. Colaborou com o Museu do Fado, onde organizou diversas iniciativas ligadas ao fado e escreveu a obra ‘Um Século de Fado’.
Já em 2005, coordenou o projeto ‘Todos os Fados’ para a revista Visão.
José Manuel Osório nasceu na República Checa, no dia 13 de maio de 1947, e veio estudar para Portugal aos 10 anos.
Em novembro, o fadista iria receber o Prémio Amália Rodrigues Ensaio/Divulgação. Segundo o musicólogo Rui Vieira Nery, este galardão iria ser a sua consagração como investigador na área do fado, na qual se tinha destacado nas últimas décadas.
O músico coordenou coleções discográficas ligadas ao fado da Movieplay Portuguesa, nomeadamente ‘Fados da Alvorada’ e ‘Fados dos Fados’, publicou o Público.
Recentemente, começou a fazer uma pesquisa sobre a imprensa fadista, tendo deixado acabado e pronto a publicar um texto de introdução à reedição do livro ‘O Fado e os seus censores’, de Avelino de Sousa.
O interesse por este estilo musical típico português começou quando se matriculou na Faculdade de Direito e passou a frequentar as casas de fado da linha de Cascais que, segundo afirmou outrora, eram “espaços de alguma revolta em relação às casas de fado que proliferavam nos bairros históricos de Lisboa, e que transformavam o prazer de cantar numa obrigação”.
Para José Manuel Osório, o fado não era uma obrigação, pelo contrário, era uma paixão à qual se dedicou durante a vida.
Foi a frequentar estas casas de fado que se lançou na carreira do fado. Conheceu vários fadistas e poetas como Vasco de Lima Couto, que lhe ofereceu um poema para cantar, e José Carlos Ary dos Santos, que lhe escreveu o decassílabo ‘Desespero’ para que ele o cantasse.
Mais tarde, o artista fundou o Grupo Independente de Teatro da Faculdade de Direito, que dirigiu e onde encenou ‘O Homúnculo’, o primeiro texto de Natália Correia a ser representado em público. Na área da representação, foi um grande dinamizador do teatro amador.
O seu primeiro disco foi gravado em 1968, com poemas de Ary dos Santos, Lima Couto, Manuel Alegre, Mário Sá carneiro, entre outros. No ano seguinte lançou outro álbum que lhe valeu o Prémio para Melhor Disco do Ano.
Em 1970 foi considerado o Melhor Fadista, pela Casa da Imprensa, mas a PIDE DGS, polícia política da época, não o deixou atuar no Coliseu.
“José Manuel Osório foi dos primeiros da sua geração a fazer a ponte entre o fado e o setor intelectual da oposição democrática”, revelou Rui Vieira Nery, à Agência Lusa.
O estudioso de fado foi para Paris trabalhar num restaurante onde se cantava fado e aí conheceu personalidades como José Mário Branco, Sérgio Godinho e Luís Cília.
O seu quarto disco incluiu poemas de escritores conceituados como Fernando Pessoa, Manuel Alegre, António Aleixo, Francisco Viana, entre outros.
Colaborou também com diversos músicos, entre eles António Chaínho, Arménio de Melo, Manuel Mendes e José Nunes.
Quando regressou definitivamente a Portugal, em 1973, Osório iniciou as suas pesquisas sobre fado, tendo elegido para ponto da sua investigação o fado operário e anarcossindicalista, ao qual pretendia dar voz.
Depois da revolução dos cravos, o fadista gravou os seus últimos três discos de fado tradicional, que encerraram a sua carreira discográfica, apesar de no ano passado ter gravado ‘Fado da Meia Laranja’ para uma coletânea do poeta José Luís Gordo.
Desde esta altura até 1990 que se dedicou à carreira como produtor de espetáculos e agente de artistas.
Além de ter estado sempre ligado à festa do Avante, o investigador também participou na criação do ‘Retiro do Fado, um espaço fadista.
Em 1993 preparou ‘As Noites de Fado da Casa do Registo’, incluídas na Lisboa/94, Capital Europeia da Cultura daquele ano.
Passados cinco anos, foi o coordenador das Festas da Cidade de Lisboa. Colaborou com o Museu do Fado, onde organizou diversas iniciativas ligadas ao fado e escreveu a obra ‘Um Século de Fado’.
Já em 2005, coordenou o projeto ‘Todos os Fados’ para a revista Visão.
José Manuel Osório nasceu na República Checa, no dia 13 de maio de 1947, e veio estudar para Portugal aos 10 anos.
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